terça-feira, 1 de agosto de 2017

Aquele dia em que dá tudo errado


Aquele dia em que dá tudo errado... e é claro que vc sabe como é... 
Quando vc vai fazer o último treino antes da prova, e sente dor
Quando o seu match te dispensa, dizendo que não vê futuro (oi?)
Quando o seu crush não desenvolve
Quando vc vê que alguém quer um amor que comece simples, numa segunda-feira simples, e vc, simplesmente, não acredita mais nas segundas-feiras
Quando vc quer escrever, mas pra quê? Se foi isso mesmo que vc leu e te deixou angustiada...
Eu não acredito mais nas segundas-feiras, que é quando vc vê que o fim de semana foi uma merda. E frio. E vc passou frio sozinha. E vai ter que passar a semana inteira acreditando que o próximo fim de semana será melhor, que talvez alguma coisa diferente possa acontecer, que talvez é vc mesma que não esteja dando uma ajudinha para o destino, blá, blá, blá...
Quando vc percebe que até ir para o trabalho é melhor que ficar sozinha com vc mesma
Quando as suas roupas não combinam mais
Quando ter fome não faz sentido
Quando a insônia chega e te deixa parada
Quando vc se sente enfarada,
Quando até o seu cachorro sai do sofá quando vc senta...
É assim que está sendo o dia de hoje

Tipo um chinelo rasgado, um pneu de bicicleta furado, um óculos de sol quebrado. 
Tudo ao mesmo tempo. 
No sol. 
No meio do calçadão.

E eu só queria ouvir umas palavras: ele me perguntando o que eu queria dizer e me falando que queria me ouvir.
Simples.
Muito simples. 
Mas que não vai acontecer na segunda-feira.
Nem hoje.
Nem nunca.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

O mar e o amor


É sempre sobre um mergulho no desconhecido
É sempre sobre algo novo
É sempre sobre manter-se em equilíbrio,
por mais que uma onda forte te arrebate
Só que o mar, é o mar
E o amor, bem, eu não sei o que é...

É sempre uma primeira sensação incômoda
É sempre um descompasso
É sempre sobre sua decisão de se atirar de cabeça, ou não,
Só que não decidi ainda.

Preciso alinhar em mim o vermelho, o amarelo e o verde
Minha cabeça está bloqueada
Meu coração está em alerta,
Embora todo o meu corpo já queira...

Mas o que vai ser isso?
Eu sinto, enquanto ainda nem tem forma,
Eu pressinto, enquanto nada se definiu
Então, eu abro espaços dentro de mim
para dar lugar ao novo,
Como se fosse mergulhar no mar:
Ele só está lá, um dia calmo; no outro, nem tanto
Um dia frio; no outro, nem tanto
Ele só está lá...

Então poderei decidir
Se quero mergulhar
Se quero brincar nessas águas geladas
Se quero sentir esse prazer.

Então poderei decidir
Como vai ser o mergulho,
O vigor das minhas braçadas,
Ou apenas a suavidade do momento.

Só não posso esquecer que o mar é imenso e implacável
(Só não posso esquecer que mais implacável ainda é o amor)
E também tem as suas vontades
E, apesar de eu escolher o momento do mergulho,
pode ser que ele não queira mais
ser mergulhado, ser arrebatado...

De nada servirá
alinhar em mim os três tempos
de um mesmo desejo...









quarta-feira, 3 de maio de 2017

     Eu já sei o que quero:
a suavidade na rotina da manhã
ver os primeiros raios do dia
acordar sem pressa
olhar o meu amor dormindo
e vê-lo despertar suavemente
quero sentir a brisa entrando pela cortina

     Eu já descobri o segredo:
até hoje vivi em ritmo rápido, intenso, afobado
agora estou pronta para pausar
quero absorver as primeiras coisas do meu dia
e quando eu acordar amanhã
vou prestar atenção nisso
no lento passear das nuvens
nos pássaros do parque
na cor do céu
no cheiro do ar
Vou sentir se está fresco ou calor
Vou abrir os meus olhos para a beleza

     Quero sentir com todo o meu corpo:
com os cheiros
com o olhar
ouvindo
quero sentir na minha pele
o beijo do meu amor
vou escrever com a ponta dos meus dedos
palavras doces nas costas dele
vou escrever poemas, hai kais,
enquanto ele dorme
e não vou acordá-lo ou invadi-lo
com a minha pressa, fúria, meus desejos ou confusões

     O que eu quero é bem simples:
pousar minha mão, suavemente, no seu corpo
observar o seu sono
devagar
até ele despertar
até o dia acordar

e colocar suavidade na rotina...

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Minha vida "short cuts"


 RASCUNHO

Hoje parece um daqueles dias densos.
Mas não sei se é o clima, se eu mesma...
O ar está pesado, o dia nublado, minhas tarefas são pontuadas por cafés e pensamentos.
Eu crio - enquanto cozinho -  Multitarefas: tudo o que não quero mais ser, mas faço tão bem.
Os sons da casa. 
Os cheiros da casa. 
A casa.
Algo úmido. Algo cinzento. Algo raro na cidade.
Eu estou de frente para o parque, com o Mestre Álvaro ao lado.
Posso ver algumas árvores, o campo de futebol e uma pequena elevação gramada, mas tudo está vazio e consigo ouvir o silêncio. Também escuto Marisa Monte, várias vezes. Não enjoo.
Os cheiros. As panelas fumegando na cozinha ao lado. "Quem me dera", Marisa me fala... "não sentir mais medo algum".
Pronto: começou a chover! Adeus natação de hoje... e comecei tão cedo para poder sair...
Às vezes penso que escrevo essas bobeiras à toa, que não têm nada de mais...
Às vezes chego a pensar também que não têm nada de menos - essas bobeiras - e eu, pelo menos, escrevo, tento tirá-las de dentro de mim. É muita coisa, são muitos pensamentos, sentimentos. É o peso do tempo, o peso da vida que escolhi e que agora, gradativamente, está ficando leve. 
Tanto tempo depois. Leve. Leveza é o que buscava e não sabia.
Hoje: a densidade do ar, o branco do céu, a gravidade embutida no ar que se respira.
E por isso também que lembrei de Short Cuts, filme de 1993, traduzido para Cenas da Vida. Um mosaico, em que diversos personagens se cruzam. Nunca esqueci. Narrativas cruzadas de cenas tão corriqueiras de vidas comuns. A pobreza e a riqueza da vida.
Assim como a minha, comum. Quem me vê, não me vê. Não sabe nada sobre mim. Como estou "do outro lado" do qual me mostro.
E sigo.
E Marisa de novo me falando que "amar alguém só pode fazer bem". Será?
Enfim, voltando ao dia nublado, às lembranças nítidas de um tempo enevoado, à busca da leveza, à "insustentável leveza do ser", fechando para um plano super close de agora... chove, mas estou leve; chove, mas é bom; chove e me atrapalhou, mas me deu tempo de pensar e escrever.
O dia chove, mas estou leve, alegre, braços abertos rodopiando na chuva.... braços abertos correndo bem rápido... braços abertos, sentindo a água... braços abertos, absorvendo a vida...
Chove, e vivo.... chove, e abro espaço para o novo... chove, e existe prazer dentro de mim... chove...



sexta-feira, 17 de março de 2017

Início

É o outro lado do fim
É o lado bom da dor
É a coragem que te levanta
É o dia seguinte
É quando você enxuga os olhos pela última vez
É quando você levanta a cabeça
É um suspiro
É quando o seu coração, finalmente, aceita
É quando você diz:

Basta!

É quando o seu coração, finalmente, escuta
O que a sua cabeça te dizia o tempo todo
É quando você se despe e,

nua,

Sai ao encontro de você mesma
É a melhor parte da jornada
É ver ao longo do caminho
É olhar para a frente
É fazer planos
É se preparar para partir
É a fome com a vontade de comer
É a vontade de devorar a vida
É a força
É a garra
É a gana
É o fim do fim
É o fim da dor
É o início, de novo...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Atlântico

Recolhi âncoras  e
Estou pronta para a partida.
Vou ao encontro de grande aventura,
Vou ao encontro de mim.
Não sou uma desconhecida,
Mas vou desbravar cada momento.
Começo explorando a alegria de viver,
A vontade de fazer coisas novas,
O desejo de me jogar no mundo.
Digo adeus - de vez - aos amores ingratos
(aqueles não correspondidos)
E levanto bandeiras:

- quero sorrir mais
- quero me divertir mais
- quero dividir mais

                  Zarpo!

Por isso o mar...
Estou treinando
Por isso as braçadas,
cada vez mais longas
Travessias...
O mar...
Eu o atravesso e ele me invade
E assim vamos:
unidos, salgados, juntos
nesta nova chance.
A cada vez que deslizo
na água gelada e salgada deste oceano,
 eu me pacifico,
E assim começo a construir
todos os mares e amores dentro de mim,
gota a gota, onda a onda
Deslizando
Partindo e chegando e partindo e chegando,
Quantas vezes precisar
O mar, amar

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Para 2017

Tenho 48 anos, dois filhos, dois cachorros e muita vontade de  viver.  Alguns fracassos, alguns sucessos e bastante tempo pela frente,  o que me faz refletir  e escrever. O que quero pra mim? O que quero para as minhas relações? É  possível apenas deixar fluir?  A felicidade se busca e se constrói  ou apenas se recebe, quando somos merecedores? O que é  a vida e o que fazemos dela? Como me encontro agora? O que quero? O que busco? O que almejo? Estou feliz nessa busca? O que me falta?
Eu não tenho nenhuma resposta, mas tenho a certeza de que o tempo de reflexão  é  agora.
Fim de ano e dias de arrumações,  externas e internas, e limpezas.  Quero estar bem. Com espaços.  Aberta. Confiante. Eu estou bem. Estou feliz. Estou com  saúde  e vencedora. Hoje eu enxergo melhor. Hoje eu me sinto feliz. Posso, realmente, desejar um feliz ano novo!  Para os meus, para mim,  para os que me rodeiam e para os que quero atrair. Um feliz ano novo! Hoje já está ótimo! Quero arregaçar  as mangas! Tenho muito a fazer!
Vem, 2017!